Se pertence ao grupo das pessoas que costumam postergar para o dia seguinte a aplicação do filtro contra os raios solares, segue um aviso que te fará dar fim ao hábito preguiçoso. “A longo prazo, o uso do protetor solar vai mudar a história da sua pele”, enfatiza Rosa Matos, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do DF (SBD-DF).
Em entrevista, Rosa frisou sobre a radiação solar ser o principal fator ambiental causador de danos irreversíveis ao DNA das células da pele. Ao se expor ao sol sem proteção, você aumenta o risco de sofrer queimaduras. No futuro, a lesão funciona como um perigo ao desenvolvimento do câncer de pele. A dermatologista listou, ainda, que deixar de aplicar o filtro contribui com o envelhecimento precoce da cútis, por vezes, caracterizado pelo aparecimento de rugas mais grossas.
Brasil
Segundo a médica, se recusar a passar protetor solar em um país tropical é um grande equívoco, apesar de algumas posições minoritárias contrárias ao uso do produto: “Temos temperaturas elevadas e, ao longo do ano, é sempre ensolarado. Aumenta muito o risco para o desenvolvimento do câncer de pele”. Cútis amarelada e espessa, surgimento de lesões pré-cancerosas e piora do melasma são apenas algumas das condições resultantes de ter abdicado a aplicação da fórmula. “O uso de maneira correta vai minimizar esses danos”, destaca.
Frequência
Em relação à constância do produto, Rosa Matos bate na tecla de que as “células têm memória”, conforme explica: “Toda informação recebida desde a infância será levada em consideração lá na frente em um determinado momento”. A dermatologista costuma fazer a seguinte comparação: “O protetor solar é igual à pasta de dente”. O filtro deve ser utilizado diariamente e reaplicado ao longo do dia.
De acordo com a especialista, o protetor solar em temperatura ambiente dura, no máximo, de três a quatro horas na pele em condições normais. “O ideal é que haja uma nova aplicação, se estiver fazendo uma exposição intencional”, ressalta. Caso tenha transpirado, ela orienta primeiro secar o suor e, em seguida, passar o produto. Se entrar na água, também optar por se enxugar antes e só depois usar o filtro. Fica o lembrete da médica: “Procure o veículo adequado se fizer imersão em água, sempre à prova d’água”.
Se esquece de utilizar a fórmula? Rosa Matos propõe associar o uso do protetor a um hábito diário. “Em um dia normal de trabalho, você escova os dentes. Então, em seguida, passará também o filtro. Na hora do almoço, voltou a higienizar os dentes? Novamente, reforce o produto na pele”, sugere a médica. Pessoas que costumam se deslocar de carro imaginam não precisar do filtro diariamente? Ledo engano. A dermatologista salienta que está, sim, sujeito a uma exposição solar, entretanto de maneira indireta.
Escolha corretamente
Presidente da SBD-DF, Rosa aconselha repassar o filtro solar no prazo de três a quatro horas. Ao adquirir o produto, é necessário ficar atento a alguns tópicos. Primeiro, o fator de proteção solar. “No mínimo, 30. E deverá proteger contra a radiação ultravioleta A e B”, afirma. Quem apresenta pele oleosa, vale dar preferência a fórmulas em gel ou spray, sem contar ser livre de óleo (oil-free) para não contribuir com a formação de acne. No caso de dispor de cútis normal ou seca, creme e loção cremosa são ideais.
Ao escolher o filtro solar, é preciso levar em conta quais são as situações em que usará o produto. Por exemplo, ir à praia ou clube e ficar horas exposto ao sol requer um protetor potente, prescreve a dermatologista: “Quando for fazer caminhadas longas, praticar montanhismo ou pedalar, recomenda-se recorrer a um FPS mais elevado”. Já quem somente irá se deslocar de carro pode investir em uma fórmula com fator 30. “Ele filtra em torno de 85% da radiação ultravioleta”, reforça a especialista.
Há protetores solares para todos os tipos de pele e necessidades, a depender também de condições dermatológicas e até de saúde. Abaixo, Rosa cita alguns situações que merecem cautela na hora de comprar o produto:
1 – Filtro solar para fazer atividade física em imersão em água. “Tem de ser à prova d’água”, enfatiza a médica.
2 – Paciente com doenças relacionadas ao sol, como lúpus. “Optar por uma proteção muito elevada”, indica.
3 – A quem possui melasma, segue o conselho da presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do DF: “Escolher um filtro com fator elevado químico e físico, além de está associado a agentes clareadores da pele”.
Atenção
Em áreas com muito pelo, a expert sugere usar o filtro em spray, por ser um pouco mais aquoso. “Os homens gostam mais também”, conta a dermatologista. No ponto de vista da médica, o uso do protetor solar vira um hábito quando você encontra uma fórmula que se familiarize. A dica é testar até chegar lá. “A disponibilidade é gigantesca. A cosmética favorece a adesão do paciente ao uso do produto”, frisa.
Nas prateleiras físicas e virtuais, estão à disposição filtros com diversas texturas, com ou sem cheiro, e presença ou não de cor. Devido ao aumento de doenças dermatológicas, a médica insistiu na importância de utilizar diariamente o produto: “A importância do uso do protetor solar é indispensável na prevenção do câncer de pele, corresponde a 25% do total de todos os cânceres que são diagnosticados no corpo humano. Dentre eles, o melanoma pode ser o mais agressivo e, no mundo, é o que mais mata”.
“Com o uso do protetor solar, [você] aprenderá e aproveitará melhor a radiação solar, como os benefícios trazidos. Por exemplo, a formação da vitamina D. O estado de ânimo fica um pouco melhor, diminuindo e sem correr os riscos da formação dos efeitos deletérios gerados por ela”, esclarece Rosa Matos.
Ela acrescenta: “Reduz o risco de vermelhidão, envelhecimento precoce, aparecimento de manchas e do câncer de pele. “Também protege das doenças desencadeadas ou pioradas pela exposição ao sol”.
Maquiagem
Perguntamos a respeito da maquiagem com proteção solar. Sobre a temática, a expert definiu como uma medida bem interessante. Segundo a dermatologista, os cosméticos costumam trazer uma média de fator de proteção solar 20. “Esses produtos têm uma característica, isto é, estão associados com particularidades físicas e fazem uma reflexão da radiação ultravioleta”, elucida. De acordo com Rosa Matos, a maquiagem por si só não é uma alternativa totalmente eficaz, entretanto, funciona como escudo contra o sol.
“O uso da maquiagem vai ajudar, mas não é suficiente se houver a intenção de uma exposição solar entre o tempo das 10h até às 16h. Associar com o filtro fino antes ou depois da maquiagem seria a medida mais correta”, expõe a presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Distrito Federal.
Potencializando os efeitos
Tem dúvidas sobre como potencializar o efeito do filtro? A médica especialista em pele sugere algumas táticas, como fazer o uso do chapéu ou boné, também de roupas com proteção solar. No quesito óculos escuros, lembrar de preferir os que tenham lentes adequadas contra a radiação ultravioleta. Vale adicionar nas refeições alimentos com propriedades antioxidantes. É o caso da cenoura, com betacaroteno. Mesmo colocando em prática as técnicas, Rosa finaliza: “Jamais devemos deixar de usar o protetor solar”.