Análise realizada pelo Instituto Centro de Vida (ICV) aponta que, nos últimos anos, tem sido verificado um aumento do valor total das áreas desmatadas de forma legalizada
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Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o desmatamento consumiu 612,9 km² do Cerrado de Mato Grosso entre agosto de 2022 e julho de 2023. Deste total, 72% do desmate ocorreu de forma ilegal e 54% da supressão vegetal se deu em 129 das mais de 3,5 mil ocorrências de desmatamento registradas.
Majoritariamente ilegal e concentrado, o desmatamento no bioma mato-grossense representou 5,6% da supressão nacional de área do Cerrado, que foi de 11.011,7 km2. Nota técnica produzida pelo Instituto Centro de Vida (ICV) mostra que o desmate no estado teve queda de 17% em relação ao mesmo período do último ano e analisa os dados divulgados pelo Inpe.
Além disso, a nota técnica mostra também que foram detectados mais de 3,5 mil polígonos de desmatamento. Contudo, apenas 129 polígonos, 3,6% do total, foram responsáveis pelo desmate de 334,4 km, equivalente a 54,6% da área suprimida.
“São grandes áreas que respondem pela grande maioria do desmatamento. Assim, o esforço para conter o desmatamento também é concentrado”, disse a coordenadora do programa de Transparência Ambiental do ICV, Ana Paula Valdiones.
Embora essa parcela seja a minoria diante do quadro geral de desmate registrado, a coordenadora destaca ainda que há registro de aumento na área de desmatamento legalizado nos últimos anos em Mato Grosso.
“É preciso fomentar práticas produtivas sustentáveis, que sejam alternativas à conversão de áreas, e garantir incentivos para a manutenção da vegetação nativa e dos serviços ecossistêmicos prestados.”, acrescentou.
Analista do programa de Inteligência Territorial do ICV, Weslei Butturi apontou sobre a necessidade de preservação do Cerrado, sobretudo pelo potencial hidrológico deste bioma, que é considerado o berço das águas do Brasil.
“O monitoramento do desmatamento sempre foi muito focado na Amazônia e, hoje, temos o Cerrado, que tem um monitoramento bastante recente. E ele é importante justamente porque se pensarmos nos principais rios do Estado, o Teles Pires, o Juruena, notamos que a preservação deste bioma é essencial para a manutenção dos recursos hídricos principalmente, mas também dos demais biomas”, afirmou Butturi. (Rodrigo Vargas/Assessoria)