O que mais quero nessa vida é andar normalmente e voltar a dançar as músicas antigas, das quais eu amo muito
O profissional e micro-empresário de comunicação visual Antônio Marcos Derminio, 50 anos, conhecido popularmente por Dérica Flash Beack, natural de Cuiabá, residente e domiciliado no bairro Dom Aquino, ficou internado no Hospital Júlio Muller por mais de cem dias, vítima da Covid-19, dos quais três meses e 16 dias na UTI.
“Eu vi a morte de perto. Enquanto estive na UTI chorava todos os dias, porque eu sabia que iria morrer e queria despedir de minha mulher”, conta Dérica, casado com Marizete Auxiliadora, sua primeira e eterna namorada, como faz questão de destacar.
Dérica Flash Beach é um profissional de mão cheia na confecção de faixas, cartazes, promotor de eventos e um dançarino de encher os olhos de quem gosta de assistir os arrasta-pé nos salões, principalmente das populares músicas da jovem guarda.
Em uma roda de amigos simpatizantes das antigas músicas resolveu fomentar os encontros com a velha guarda, através de uma frase do articulista da Globo Arnaldo Jabor.
“As pessoas de 40, 50 anos acima gostam da música e merecem ser felizes”, dai surgiu a ideia de promover os bailes ‘flash beack’ em Cuiabá.
“As pessoas acima dos 40 gostam das músicas antigas e estão carentes de diversão. Nos trinta e poucos anos eu adorava esses tipos de música e foi fácil realizar vários eventos na cidade que amo, que é Cuiabá”, lembrou.
Outra qualidade do Dérica é na cozinha, pois se considera um cozinheiro de mão cheia, e sua especialidade é fazer peixada para dezenas, centenas de pessoas.
Antes de descobrir que estava com Covid-19, ex-fumante e adepto de remédios caseiros, fazia uso de vários medicamentos e não acreditava que seria afetado pela doença que já matou mais de 680 mil no Brasil inteiro, dos quais mais de 14 mil em Mato Grosso.
Dérica lembra que tomou vários remédios caseiros e fez o exame por duas vezes e deu negativo. Mas continuava sentindo os sintomas da doença e resolveu fazer o exame particular, deu positivo.
“Acredito que peguei essa doença em uma das clínicas públicas que fui fazer o exame”, conta. “Depois do resultado positivo as coisas pioraram e fui parar no hospital”, conta.
Enquanto internado Dérica se considera uma pessoa já morta, como ficou sabendo quando deixou o hospital. “Fiquei sabendo que por várias vezes anunciaram minha morte por whatsApp e até no Facebook. Eu sentia que a morte estava próxima, e chorava e pedia a Deus que ainda não tinha chegado minha vez. Graças à Deus, Ele ouviu minhas orações, de meus amigos, de minha família e também fui muito bem atendido pelo corpo médico do Hospital Júlio Muller, graças à Deus”, frisa.
Dérica lembra que por ser um ex-fumante sua imunidade ficou debilitado e em virtude disse viu a morte ao seu lado. Antes de ser diagnosticado com a doença, eu não sentia cheiro de nada e sim enjoo, dores no corpo e mal-estar. “Eu sabia que tinha alguma coisa ruim comigo”.
Durante sua permanência no hospital Dérica teve quatro paradas cardíacas, sofreu pesadelos, esquecido de todas as coisas de sua vida, uma coisa de outro mundo. “Eu me sentia vegetando, não era mais um ser humano e sim de outro mundo. Não lembrava de como era minha vida, quem eu era e o que fazia. Uma experiência que não desejo a ninguém nessa face da terra”.
Agora, quase um ano depois de deixar o Hospital Júlio Muller Dérica Flesch Beack roga a Deus para recuperar das sequelas que o acometeu pós Covid-19, como não consegue os movimentos normais de sua perna direita entre outros sintomas. “Estou vivo e com minha esposa. Tenho muita fé que aos poucos vou me recuperando e em pouco tempo vou estar como uma pessoa normal, com a graça de Deus!, finaliza.