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Mato-grossenses disputam Campeonato Mundial de Capoeira no Ceará

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Mestre Sombra é corda branca graduação máxima na Capoeira - O EsportivoAo som do berimbau, com muita jinga e concentração, 30 capoeiristas mato-grossenses disputarão o Campeonato Mundial de Capoeira Grupo Muzenza, em Fortaleza, no Ceará. A competição começa amanhã e se estende ao dia 27 deste mês. À frente da delegação mato-grossense o mestre Sombra, que há meio século difunde em Cuiabá essa arte marcial nascida entre escravos negros, nas senzalas no Brasil escravagista.

Os mato-grossenses concorrerão com representantes dos outros estados, Distrito Federal e de 46 países de todos os continentes. Para o Mestre Sombra, “trata-se de uma competição internacional do mais alto nível técnico e que será o principal evento mundial da capoeira neste ano”.

A capoeira não figura entre os esportes mais praticados em Mato Grosso e nem mesmo entre as artes marciais com maior número de atletas, porém está em crescimento tanto em Cuiabá quanto em alguns municípios, a exemplo de Sorriso, que enviará a delegação mato-grossense com 30 atletas para o mundial em Fortaleza. “Lá (em Sorriso) os capoeiristas recebem apoio público, do empresariado e dos produtores rurais, o que permitiu que eles ganhassem condições de viajar para o Ceará”, revela mestre Sombra.

Somente Sorriso e Cuiabá disputarão o mundial. A equipe daquela cidade é liderada pelo contramestre Jarbas. Mestre Sombra será o único representante do esporte cuiabano e concorrerá em sua faixa etária, “tentei apoio para levar alguns capoeiristas de Cuiabá, mas não foi possível”, revela. Para conseguir o dinheiro da passagem de ida e volta e as despesas em Fortaleza mestre Sombra promoveu a chamada ação entre amigos, feijoada e galinhada; também contou com doações de parentes, conhecidos, vizinhos, admiradores da capoeira e de seu círculo de amizade, mas não teve apoio das secretarias de Educação e Esporte da prefeitura e do governo estadual. “Tente (apoio público), mas foi em vão”, lamenta.

PAIXÃO

Mestre Sombra é apaixonado pela capoeira e a pratica há meio século, “aprendi com o mestre Edmundo Souza, em Cuiabá. Peguei gosto, depois virou paixão e nunca mais parei”, revela. Em sua residência, no bairro Alvorada, ele ensina capoeira a um grupo de 80 crianças e jovens de ambos os sexos. “Presto atendimento social a crianças e adolescentes carentes dando aulas comunitárias de capoeira a eles”, revela.

Mestre Sombra é como se tornou conhecido o cuiabano Ivo Domingos de Arruda, 73 anos, corda branca – máxima graduação – na capoeira, sete vezes campeão brasileiro e sete vezes campeão mato-grossense.

Conhecedor da arte de jogar capoeira nas rodas de capoeiristas, mestre Sombra também conhece sua origem. Cita que os escravos a criaram como forma de se defenderem das agressões que sofriam e também para aliviarem o estresse. Normalmente sua prática acontecia distante da casa-grande, em capões de mato ou capoeira, de onde lhe vem o nome. Até 1930 essa arte marcial era proibida no Brasil, mas naquele ano um famoso capoeirista, mestre Bimba, fez uma apresentação ao presidente Getúlio Vargas, que gostou, a liberou e a transformou no Esporte Nacional Brasileiro. Em 26 de novembro de 2014 a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) a reconheceu oficialmente enquanto patrimônio imaterial da humanidade.