Com os salários atrasados desde o mês de novembro do ano passado, os funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá podem entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira (27).
A decisão foi tomada em assembleia geral realizada na última sexta-feira (22), data em que os cerca de 800 trabalhadores da instituição filantrópica já mantêm uma escala especial de 50% dos serviços.
A paralisação geral dos atendimentos ambulatoriais ocorrerá caso não seja feito o pagamento dos vencimentos salariais atrasados, conforme Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado por diretores do hospital.
O TAC foi proposto para a prefeitura de Cuiabá e foi formulado pelo Núcleo de Assessoramento de Saúde de Mato Grosso (NAS) para que a Prefeitura de Cuiabá avalie a condição emergencial e se evite uma possível paralisação de 100% dos serviços. A administração municipal, porém, afirma que está em dia com a Santa Casa.
“Falou-se em quitação (da folha salarial). No TAC que nos passaram foi pedido de imediato R$ 5,035 milhões. Após, em 15 dias, mais R$ 3,9 milhões e, 30 dias após o primeiro acordo, mais R$ 3,9 milhões, num total de quase R$ 12 milhões. Estamos aguardando”, disse André Luiz Lara, representante da Comissão de funcionários da Santa Casa, onde trabalha há 17 anos.
A categoria está sem receber novembro, dezembro, janeiro e o décimo terceiro. “Desde sexta-feira iniciamos uma escala especial até para manter contenção de gastos. Por exemplo, num setor com 10 funcionários estamos trabalhando com cinco. As equipes vão revezando, dia sim dia não”, comentou. Caso o acordo seja cumprido dentro da data, a greve será anulada.
Conforme André Luiz, ainda seria definido o percentual de interrupção dos serviços, mas a expectativa é de que seja mantido pelo menos 30% das atividades. A proposta do TAC também foi apresentada à Câmara de Vereadores e ao Ministério Público do Estado (MP-MT).
Outra preocupação é com o pagamento de trabalhadores que foram demitidos, além de outros que pediram a rescisão indireta. “As demissões começaram em janeiro e não acertaram até agora, sendo que são funcionários com 20 ou até mais de 30 anos de casa”, frisou. “Em 17 anos nunca vi uma situação como esta. Nosso salário já chegou de atrasar, mas no outro mês saia. Atrasos como estes de três a quatro meses nunca vi”, completou.