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UNIMED – Educação sexual: como falar sobre sexo com os filhos

Sexo faz parte da vida (aliás, o surgimento da vida depende disso, na maioria das vezes). É normal que, em algum momento, crianças e adolescentes tenham dúvidas sobre o tema. E eles precisam saber da importância de cuidar da saúde também nessa área.

Segundo pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 15% dos jovens de 12 a 18 anos já tiveram alguma relação sexual, 44% deles não usaram preservativo na primeira vez e 35% não usam ou raramente usam camisinha em suas relações sexuais. Além disso, 41,67% deles afirmaram não conversar com ninguém sobre sexo, em casa ou na escola.

E sempre vale lembrar: se não falarmos sobre sexo em casa e na escola, as crianças podem buscar informação na rua ou na internet. E podem se expor a situações de risco – tanto de abuso como de infecções. Então, vamos conversar?

Neste texto vamos abordar:

O que são as ISTs

Sintomas e prevenção

Como falar sobre sexo e ISTs com os filhos?

 

O que são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

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As ISTs são um grupo de infecções que podem ser causadas por vírus, bactérias ou outros micro-organismos. A transmissão se dá, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem uso de preservativo (masculino ou feminino) com uma pessoa infectada. Apesar de menos frequente, a transmissão de ISTs também pode ocorrer durante a gestação, parto e amamentação ou a partir de compartilhamento de seringas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, todos os dias, mais de 1 milhão de casos novos de IST são registrados por dia.

Para se ter uma ideia, os dados do Ministério da Saúde sobre HIV, entre 2007 e 2020, mostra que mais de 20 mil casos de HIV foram notificados em adolescentes de 10 a 19 anos de idade. Foram 12.590 casos em meninos e 7.693 em meninas – o que responde a cerca de 6% dos casos registrados no período.

Além da infecção por HIV, outros exemplos de ISTs são: herpes genital, sífilis, gonorreia, tricomoníase, cancro mole (cancroide), doença inflamatória pélvica (DIP), papilomavírus humano (HPV), hepatites virais B e C, vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV).

Por tudo isso, precisamos falar sobre sexo seguro.

Você sabe a diferença entre DST e IST?
O termo infecções sexualmente transmissíveis (IST) substitui a expressão doenças sexualmente transmissíveis (DST). A mudança na nomenclatura destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção mesmo sem apresentar sinais e sintomas de doença. Isso reforça a importância da prevenção com preservativo e dos exames laboratoriais com regularidade, mesmo que não haja sintomas.

Sintomas e prevenção de ISTs

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As ISTs podem se manifestar de diferentes maneiras, conforme o tipo de vírus ou bactéria, mas é mais frequente que elas semanifestem nos próprios órgãos sexuais.

Os principais sintomas das ISTs são corrimentos, feridas e verrugas na região anal e genital. Importante: nem todo corrimento é IST.

Para identificar as infecções em estágios iniciais, é importante observar bem o corpo durante a higiene pessoal – e orientar os filhos a se observarem também. Sempre que perceber alguma mudança fora do normal, deve-se procurar atendimento médico e avisar o parceiro sexual para que faça o mesmo.

Também é importante consultar o médico ginecologista ou urologista antes de iniciar a vida sexual e manter as visitas regularmente.

Leia mais sobre aids, prevenção e tratamento: A principal arma contra a aids é a prevenção

Como prevenir ISTs – camisinha sempre

Existem vacinas contra hepatite A (HAV), hepatite B (HBV) e HPV. Aliás, a vacina contra o HPV entre 9 e 14 anos é uma forma importante de prevenção do câncer de colo de útero

Porém, não existe imunizante para as demais ISTs.

O método mais eficaz para evitar as infecções sexualmente transmissíveis é o uso da camisinha (masculina ou feminina) em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais). Além de ajudar a evitar uma gravidez indesejada.

E como convencer os jovens a usarem o preservativo, já que a pesquisa apontou que 35% deles alegam não utilizá-lo? Com educação sexual: em casa, na escola e nas consultas médicas. É preciso falar sobre sexo seguro com os adolescentes sem tabus, refletindo sobre os cuidados necessários.

Sabemos que nem sempre é fácil abordar esse tema com os filhos, por isso, reunimos algumas dicas de como naturalizar o assunto e promover o cuidado.

E fique tranquilo(a): a educação sexual não leva à sexualização precoce. Pelo contrário, ela gera crianças e adolescentes mais conscientes sobre o corpo e ainda ajuda a prevenir abusos sexuais.

 

Mas como falar sobre sexo e ISTs com os filhos?

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Lembre-se da sua própria infância e adolescência. Com que idade você começou a ter curiosidade sobre sexo, que dúvidas você tinha, onde buscou informação? Então, converse com seu filho(a) da mesma forma que gostaria que tivessem conversado com você naquela época.

E não precisa ser um momento solene no estilo “senta aqui, precisamos conversar sobre sexo e doenças”. Também não adianta fazer um discurso ou aula sobre o tema, achando que já está resolvido.

Um estudo publicado no Journal of Adolescent Health (periódico da Saúde Adolescente), demonstrou que, no combate às ISTs, é mais efetivo abordar o assunto de forma constante e natural. Segundo o estudo, jovens que têm conversas sobre sexo em casa desde cedo tendem a ter mais cuidado com a segurança e saúde quando começam a vida sexual.

É isso que queremos, não? Então, esteja atento às oportunidades para inserir o assunto da forma mais natural possível.

 

A abordagem varia com a faixa etária – e a curiosidade também

Não existe uma idade exata para conversar sobre sexo e sexualidade com as crianças. O assunto se manifesta de diferentes formas ao longo da vida.

Em todas as fases, os pais precisam ser honestos e objetivos, respondendo às perguntas com linguagem adequada ao universo infantil, sem ir além do que for questionado. Se houver mais dúvidas, novas perguntas surgirão.

Conforme a criança percebe que suas dúvidas são respondidas com naturalidade, ela vê nos pais uma fonte segura e amigável para levar futuros questionamentos. Responder “não sei” ou “isso não é assunto de criança” tende a provocar o efeito contrário: quando tiver novas dúvidas, ela pode achar que não adianta perguntar para os pais – e buscar outras fontes de informação.

 

Crianças pequenas – a conversa começa cedo

Logo que aprendem a controlar os esfíncteres, entre dois e três anos de idade, é natural que as crianças passem por uma fase de explorar mais os genitais. Não é necessário proibir nem incentivar, a fase costuma passar logo. Esse é um bom momento de ensinar a importância da privacidade, do que fazemos só em casa e não em público – sempre cuidando para não coibir a descoberta do corpo.

Aliás, as crianças precisam saber desde cedo o nome correto das partes íntimas e as noções de intimidade e de privacidade. Isso é importante na prevenção de abuso sexual.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) listou uma série de atitudes para evitar o abuso sexual. Em resumo, é preciso ensinar que elas não podem ser tocadas, nem tocar as partes íntimas de outras pessoas – e que, se alguém fizer ou tentar fazer isso, elas precisam contar para os pais ou adulto de confiança, com a tranquilidade de que não serão punidas. Sempre que o toque for necessário, seja na higiene ou em consulta médica, vale reforçar essa mensagem.

As crianças pequenas também podem ter dúvidas sobre “de onde eu vim”, “como fui parar na barriga da mamãe” ou “diferenças de meninos e meninas”. Nesse momento, vale responder as dúvidas de forma simples e objetiva, sem se estender no assunto ou despejar uma aula completa.

Dica: livros didáticos sobre o corpo humano, voltados para o público infantil, podem ajudar a explicar a reprodução humana. Procure deixá-los em local de fácil acesso, para que a criança possa tê-lo à mão e consultá-lo quando tiver dúvidas, se preferir.

Outras questões podem surgir com a aproximação da puberdade, como mudanças do corpo, menstruação, interesse em namoros, ereção, masturbação etc. Aqui vale continuar seguindo a regra de responder com naturalidade e honestidade, sem extrapolar o que foi questionado – incentivando o respeito à intimidade e à privacidade (própria e dos outros).

 

Puberdade – é preciso manter um canal de diálogo aberto

A curiosidade também varia de acordo com os conteúdos que a criança acessa. Por isso, é importante que os pais conheçam que tipos de assuntos aparecem nos vídeos, desenhos e filmes que os filhos se interessam. Assistir junto é uma boa oportunidade de ouvir e responder a eventuais dúvidas – ou até mesmo explicar por que não considera aquele conteúdo legal.

Se a pergunta não vem, é interessante puxar o assunto para conferir o que as crianças já sabem sobre sexo. Elas podem estar aprendendo em outro lugar.

Mas como iniciar essa conversa? Uma cena de filme, um trecho de música ou uma fala da própria criança ou adolescente podem ser o gancho para a mãe ou pai lançar um comentário, uma opinião, ou contar uma história pessoal sobre “o seu tempo”. Isso mostra que você está aberto para conversar e que você considera sua filha (o), um interlocutor possível para o assunto.

O tema também pode surgir num diálogo dos pais. Por que não permitir que os mais novos participem? Assim, eles percebem que falar sobre sexo não é um tabu na sua casa. Porém, é preciso cuidar para que não seja uma linguagem erotizada ou maliciosa. Vale relembrar o primeiro beijo, o primeiro amor, as emoções envolvidas etc.

Durante as conversas, você pode inserir assuntos relacionados, como respeito pelas pessoas, direito à intimidade, diversidade, cuidado com a saúde, uso de preservativo e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.

 

A conversa não está fluindo? Calma, você não está só.

Não feche o canal de diálogo, mas também tente não forçar o assunto. Se achar que seu filho ou filha tem muita vergonha de falar com você sobre sexo, vale contar com a ajuda de pessoas da sua confiança para garantir a segurança e qualidade da informação. Essa pessoa também pode ajudar a tranquilizar o adolescente sobre a possibilidade de seguir a conversar com os pais.

Além disso, ao iniciar a puberdade e as mudanças corporais, é importante já levar a criança a uma consulta médica especializada com ginecologista ou urologista. Isso também ajuda a levantar o diálogo. Conforme vão crescendo, os adolescentes podem querer fazer perguntas mais “constrangedoras”. Você não precisa ficar junto o tempo inteiro. Sua cria está crescendo!

E lembre-se: abrir o canal de diálogo não significa que seus filhos devam contar absolutamente tudo sobre a vida sexual e afetiva para você. Falamos de direito à privacidade, lembra? O que cabe aos pais é garantir que seus filhos tenham acesso à informação segura, estejam bem e se cuidando.

Fontes: SBPIPEMEDMinistério da SaúdeSBI