ROSIVALDO SENNA
Mais transporte coletivo
Voltando um pouco no tempo, os historiadores contam que em 1891 foi inaugurado em Cuiabá o primeiro serviço de bondes movidos à tração animal. As dificuldades financeiras para manter tal empresa fizeram com que ela mudasse várias vezes de dono. A falta de expansão e conservação do “material rodante” chegou ao ponto de, em 1896, uma portaria baixada pelo chefe de polícia, major Frederico Adolfo Joseti, proibir a circulação dos bondes, por considerá-los “um perigo à integridade física e a vida dos passageiros”.
Tal fato levou a queda do chefe de polícia e até do então presidente do Estado, Antônio Corrêa da Costa. Isto porque no primeiro dia em que o policiamento ostensivo foi para a estação impedir a saída dos bondes, o então senador Generoso Ponce, líder do partido governista, de dentro do bonde impediu e desautorizou a ação policial.
Mesmo um posterior pedido de desculpas de Ponce ao presidente do Estado não o demoveu do pedido de demissão. Na história ficou o fato de que o chefe de Polícia e um presidente do Estado foram derrubados por um “bonde tocado por burros”.
Cuiabá vive até hoje de promessas, principalmente no que diz respeito ao transporte coletivo. Se em tempos passados vivemos uma celeuma sobre os bondes puxados à cavalo, hoje, guardadas as devidas proporções, vivemos outro impasse. Desta vez, muito mais moderno. Digamos de última geração. Estamos falando o VLT (Veículo Leve sobre Trilho). Devido à má gestão – para muitos corrupção pura e simples -, o tal modal, que era para estar funcionando deste a Copa do Mundo de 2014, ainda não foi implantado. Descrente, a população assiste a um verdadeiro jogo de empurra-empurra. De um lado o governo dizendo que vai concluir a obra. De outro, a Justiça apontando várias irregularidades, entre elas a de superfaturamento. Para melhorar ainda mais o enredo, aparece o prefeito de Cuiabá “ameaçando” plantar palmeiras imperiais no local onde deveria passar os trilhos do modal. Pelo menos é uma posição. O que não pode e continuar como está.
Conclui-se, então, que o assunto transporte coletivo em Cuiabá sempre foi polêmico e poderia até eleger ou derrubar políticos e governantes. O sistema continua deficitário. É muita mudança para um sistema deficitário e complicado, Mas, vamos aguardar e imaginar o que os nossos netos e bisnetos dirão no futuro.
ROSIVALDO SENNA é jornalista em Cuiabá
rosivaldosena@hotmail.com