Ao passo que restaurar é necessário, alguns detalhes do processo podem dificultar a atividade, como detalhou o analista de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida (ICV)
Assessoria
Frear o avanço da crise climática requer esforços contínuos e que envolvem diferentes frentes, sendo uma delas a recomposição de vegetação nativa. Contudo, a execução dessa prática conta com diversos desafios para ser implementada, sobretudo em Mato Grosso. Neste sentido, o Instituto Centro de Vida (ICV) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) lançaram uma nota técnica que disponibiliza uma metodologia para monitoramento da restauração vegetal.
Ao passo que restaurar é necessário, alguns detalhes do processo podem dificultar a atividade, como detalhou o analista de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida (ICV), Weslei Butturi. Segundo o profissional, o acompanhamento da recomposição vegetal conta com desafios próprios, como o longo tempo de monitoramento e o tamanho geralmente pequeno das áreas.
Além disso, a grande extensão territorial de Mato Grosso e o fato de o estado ter 3 biomas (Amazônia, Cerrado e Pantanal) em sua composição podem tornar o processo ainda mais complicado, conforme explicou Butturi durante o lançamento do documento, no Workshop Re.Florar.
O sensoriamento remoto é uma excelente ferramenta utilizada para diversos fins. Muito usada para monitorar o desmatamento, mas precisamos ver como isso pode ser aplicado para medir a restauração”, disse. “Quando se fala em desmatamento, tem uma mudança abrupta na cobertura. Então, relativamente ele é mais fácil de ser identificado. Mas, quando se fala em restauro, você tem um tempo mais longo para esse restauro ser identificado nas paisagens”, frisou ao falar sobre os desafios.
Intitulada “Metodologia de Apoio ao Monitoramento da Recomposição Florestal em Mato Grosso com Uso do Sensoriamento Remoto”, a nota técnica visa auxiliar no acompanhamento da restauração de vegetação nativa por meio de dois métodos de monitoramento: a interpretação visual e a análise de índices de vegetação.
No primeiro método, a interpretação visual é realizada por meio de imagens de satélites ou aéreas que exige uma padronização dos parâmetros. Já no segundo, a análise também é feita por imagens de satélite, mas a partir de índices espectrais que dispensam a padronização arbitrária. Apesar das diferentes características de cada uma das práticas, ambas podem ser utilizadas de forma complementar. Para tanto, a nota técnica explorou ambas as metodologias em monitoramentos de áreas distintas e detalhou quais tiveram as melhores respostas para determinado contexto de recomposição.
Ao final, a produção verificou que imagens de satélite com resolução espacial menor que dois metros apresentaram melhores resultados na interpretação visual. Paralelamente, a utilização combinada de índices de vegetação tem o potencial de ampliar a confiabilidade do monitoramento. Ambas as conclusões apontam para uma vantagem no processo de acompanhamento da restauração via uso das geotecnologias.
“O uso de dados de sensoriamento remoto no monitoramento das áreas em processo de recomposição florestal é um importante passo para maior eficiência nesta atividade, conferindo agilidade e qualidade nas observações feitas tanto pelos analistas da Sema, quanto pelos responsáveis técnicos envolvidos nessa atividade”, diz trecho do documento, que pode ser conferido na íntegra no rodapé da matéria.
Além do ICV e da Sema, a produção da nota técnica também contou com apoio do World Resources Institute (WRI) e Norway’s International Climate and Forest Initiative. Também participaram da revisão do material a Universidade Federal de Mato Grosso e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). (Rodrigo Vargas/Assessoria)