O Brasileirão de 2021 tem confirmado um recente movimento de chegada de caras novas aos comandos técnicos dos clubes do país. Entre treinadores no início de carreira e estrangeiros — que atingiram número recorde — buscando campanhas de destaque, essa geração tomou o lugar da maioria das equipes de elite e afastou os chamados medalhões da Série A.
As trajetórias vigentes de Juan Pablo Vojvoda, Abel Ferreira e Maurício Barbieri, entre outros, apontam para um processo de mudança de cenário dos comandantes no futebol nacional.
Representando os técnicos mais experientes e nacionalmente reconhecidos, Cuca, Felipão e Renato Gaúcho, além de Tite, tentam ser a contrapartida a essa tendência que se fortaleceu na atual temporada.
Veja as campanhas das caras novas na temporada de 2021;
Juan Pablo Vojvoda (Fortaleza)

Embora esteja em uma sequência ruim, com quatro jogos sem vitórias no Campeonato Brasileiro, o Fortaleza de Juan Pablo Vojvoda é uma das grandes sensações da atual temporada. Campeão cearense invicto, o Leão do Pici fez 29 partidas sob o comando do argentino. Ao todo, foram 16 vitórias, nove empates e quatro derrotas. Na Série A, o Tricolor é o terceiro colocado, com 33 pontos em 19 jogos, atrás somente de Atlético-MG e Palmeiras. Na Copa do Brasil, a equipe disputa a vaga nas semifinais contra o São Paulo.
Maurício Barbieri (Red Bull Bragantino)

Aos 39 anos, parte da nova geração de técnicos brasileiros, Maurício Barbieri completou seu primeiro aniversário no Red Bull Bragantino na última semana. Após a razoável décima colocação no Brasileiro de 2020, o treinador melhorou substancialmente o desempenho do time, o melhor visitante da edição de 2021 da Série A. Na competição, o time de Bragança Paulista-SP é o quarto colocado, com 32 pontos e um jogo a menos. Na Copa Sul-Americana, o Massa Bruta continua vivo nas semifinais e enfrentará, no fim do mês, o Libertad-PAR.
Abel Ferreira (Palmeiras)
Atual campeão da Copa do Brasil e Libertadores, disputando as semifinais da edição de 2021 do torneio continental e vice-líder do Campeonato Brasileiro. As façanhas de Abel Ferreira em menos de um ano de um competitivo Palmeiras credenciam o comandante alviverde como um dos melhores técnicos em atividade no país. Na Série A, a equipe tem 35 pontos, quatro atrás do líder Atlético-MG. O Galo, inclusive, será o adversário do Verdão nas semifinais da Liberta, nos próximos dias 21 e 28.
António Oliveira (Athletico-PR)

Compatriota de Abel, António Oliveira está desde março no Athletico-PR. Apesar da pouca experiência, o treinador de 38 anos apresenta uma trajetória invejável na capital do Paraná. Sob o comando do português, o Furacão está vivo em todas as competições de mata-mata: disputa as semifinais do Paranaense e da Sul-Americana, e, na Copa do Brasil, abriu vantagem com vitória por 1 a 0 sobre o Santos pelas quartas de final. No Brasileirão, o time rubro-negro tem 24 pontos e está na quarta colocação.
Eduardo Barroca (Atlético-GO)

Eduardo Barroca, do Atlético-GO, mostra que é possível apresentar um futebol competitivo e brigar com os clubes da parte de cima da tabela mesmo com realidade e orçamento muito distintos dos outros colegas de função. Se na Copa do Brasil o Dragão caiu nas oitavas para o Athletico-PR, após eliminar o Corinthians na fase anterior, no Brasileirão o clube goiano disputa posições no G6 desde as primeiras rodadas. Na competição, com 25 pontos e em sétimo lugar, Barroca já derrotou equipes como o próprio Alvinegro Paulista, São Paulo, Grêmio, Fluminense e Santos.
Hernán Crespo (São Paulo)
Apesar da má campanha no Brasileirão, ocupando a 15ª posição, o argentino Hernán Crespo assumiu o São Paulo com a missão de reestruturar a equipe. Em três meses, devolveu à torcida tricolor a oportunidade de comemorar um título após nove anos de fila, com a conquista do Paulistão diante do Palmeiras. O treinador de 46 anos ainda levou o Tricolor às quartas de final da Libertadores, caindo para o rival alviverde, e à mesma fase na Copa do Brasil. No torneio, a disputa pela vaga nas semifinais tem um duelo particular de Crespo diante de seu compatriota Vojvoda, do Fortaleza.
Sylvinho (Corinthians)

O técnico Sylvinho, 46, chegou pressionado ao comando do Corinthians, em maio. Após uma passagem ruim em seu primeiro trabalho, pelo Lyon, o ex-lateral corintiano teria a responsabilidade de melhorar o desempenho da equipe depois da demissão de Vagner Mancini. Após um início abaixo da expectativa, a equipe melhorou defensivamente, venceu jogos em sequência e o treinador tirou o Timão do meio da tabela e colocou a equipe na briga por vaga pela Libertadores.
Gustavo Morínigo (Coritiba)

Se a Série A do Brasileirão está repleta de caras novas, a próxima temporada pode ganhar mais uma. Trata-se do paraguaio Gustavo Morínigo, dono da melhor campanha da Segundona, com o Coritiba. Em janeiro, após quase uma década de trabalhos em seu país, o treinador assumiu o Coxa, seu primeiro time fora do Paraguai. Na Série B, uma das mais competitivas da história no atual formato, as 12 vitórias, seis empates e quatro derrotas credenciam o clube do Paraná à liderança, com 42 pontos de 66 possíveis.
Medalhões não vivem bom momento

Enquanto o futebol brasileiro apresenta uma tendência de renovação de seus treinadores, os medalhões têm perdido espaço. Entre os nomes mais experientes e renomados do futebol brasileiro, três ainda em alta são os mais novos: Renato Gaúcho (58), Cuca (58) e Tite (60).
Em um início de ano ruim pelo Grêmio, Renato deixou o clube e assumiu o Flamengo meses depois. No Rio de Janeiro, vive uma lua de mel com Gabigol, Arrascaeta, Bruno Henrique e companhia. Com seguidas goleadas e atuações de almanaque, o Rubro-Negro está vivo e candidato ao título em todas as competições que disputa.
O mesmo pode se dizer do Atlético-MG de Cuca, líder do Brasileirão e disputando os troféus da Libertadores e da Copa do Brasil — nessa última, abriu vantagem nas quartas diante do Fluminense. Cuca e Renato Gaúcho comandam duas entre as melhores equipes do Brasileirão Imagem: Montagem sobre fotos de Gabriel Machado/AGIF e Thiago Ribeiro/AGIF Já Tite, embora contestado em momentos específicos, como na eliminação no Mundial de 2018 e na derrota na final da última Copa América, diante da Argentina, apresenta ótimos números no comando da seleção brasileira: são 29 vitórias, seis empates e duas derrotas em 37 jogos, resultando em um aproveitamento de 84% aproximadamente.
Para além desses três nomes, os outros técnicos no mesmo perfil não têm obtido grandes resultados ou sequer oportunidades para trabalhar. Felipão (72 anos) e Vanderlei Luxemburgo (69 anos), dois grandes nomes da história do futebol nacional, sofrem para salvar Grêmio e Cruzeiro, respectivamente, de possíveis tragédias. O primeiro busca tirar o Tricolor Gaúcho do Z4 do Brasileirão, ainda sem sucesso, enquanto o segundo afastou a Raposa da zona de rebaixamento da Série B, mas ainda vê o acesso à elite muito distante. UOL