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Futebol – Roger Machado é apresentado, se diz mais maduro e fala sobre desafio de tirar o Grêmio da Série B

De volta ao clube após cinco anos, técnico assume o time no lugar de Vagner Macncini

 

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Roger Machado é apresentado pelo Grêmio — Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio

Foi iniciada oficialmente a terceira Era Roger Machado no Grêmio, a segunda como treinador. Lateral multicampeão pelo clube nos anos 1990, o técnico foi apresentado na manhã desta terça-feira e concedeu entrevista coletiva no CT Luiz Carvalho. Ele retorna cinco anos e cinco meses depois no lugar de Vagner Mancini, demitido na segunda-feira.

O novo técnico foi apresentado ao lado do presidente Romildo Bolzan e do diretor de futebol Sérgio Vasques. Aos 46 anos, Roger afirmou estar feliz por “voltar para casa” e se disse mais “maduro” e preparado para encarar os desafios do atual momento do clube, na Série B do Campeonato Brasileiro.

– Confesso que desejei muito esse momento e o clube sempre esteve entre minhas prioridades. São 30 anos de futebol e quase 20 ligados ao clube. O momento é especial, de retorno. Cinco anos depois de ter saído e quase sete depois de ter chegado. Mais experiente e pronto para contribuir com o clube. Seremos muito felizes por estes anos. Vamos precisar contar com o torcedor, que é envolvido com o clube. É um momento muito feliz da minha trajetória e voltar para casa é muito bom – afirmou o técnico.

O técnico elogiou o trabalho de Vagner Mancini, que deixou o clube invicto, na liderança do Campeonato Gaúcho, e prometeu continuidade, mas com suas próprias ideias e metodologias.

Em sua primeira passagem no Grêmio, de maio de 2015 a setembro de 2016, Roger ficou marcado por implementar um modelo de jogo baseado na posse de bola, troca de passes e aproximação, repetido, com mais ou menos semelhanças, pelos treinadores que vieram depois dele. Questionado se manteria o mesmo estilo, o técnico disse que isso dependeria das características dos jogadores do elenco, mas prometeu uma equipe competitiva.

– Eu preciso trabalhar em cima do material humano que tenho à disposição. Lá atrás, a opção por aquele modelo foi porque tínhamos jogadores que se adaptavam rápido àquele modelo. Se eu puder fazer algo semelhante, será feito. Mas encontrar a forma certa em cima dos jogadores que tenho é tão determinante para fazer o trabalho. Precisamos trabalhar com os atletas suas características. Mas algo importante é que preciso encontrar a posição que o jogador esteja à vontade. É a posição que escolhe o atleta. Isso levo em consideração na hora de definir o modelo de jogo – explicou.

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Roger Machado é apresentado pelo Grêmio — Foto: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio

O técnico também confirmou que foi procurado pelo Grêmio em 2021, após a saída de Luiz Felipe Scolari, e disse que não aceitou o convite à época por conta de questões familiares e profissionais, não por causa do momento vivido pelo clube, na luta contra o rebaixamento.

– Eu tive um contato, fui procurado pelo Grêmio quando saí do Fluminense. Expliquei ao presidente minhas razões. É uma ética da minha função. O Grêmio sempre foi um desejo de voltar. Mas estar aqui esse ano e não ter voltado ano passado diz muito como encaro minha profissão. Não foi pelo momento do Grêmio, foi por outros motivos e que hoje me trazem aqui e apontam meu desejo de ajudar o clube. Queria muito que ficasse na primeira divisão. Precisamos reconstruir e colocar o clube de volta à primeira divisão. Vai ser duro, mas temos condição de vencer e trilhar um caminho de vitórias. Fui procurado, expliquei ao presidente os fatores, que estava me dedicando à minha família. Mas agora estou aqui de corpo e alma e coração – declarou.

Herança de Mancini
“Eu costumo frisar que no futebol trabalhamos a várias mãos. Um ciclo vitorioso tem três fases. Assim como herdei as observações feitas pelo Felipão em 2015. A utilização pelos jogadores mais jovens. Pelas escolhas feitas e instabilidade pode acarretar numa saída. Cheguei naquele momento da mesma forma que estou chegando agora. O entusiasmo é muito maior. O trabalho do Mancini, deixando o time invicto, a tabela, fala por si. Eu estou herdando um caminho pavimentado e vai ser uma continuidade. Não obrigatoriamente que se faça as mesmas coisas. Com minhas ideias e metodologias. Pegando no decorrer do campeonato, na maioria das vezes, foram meus trabalhos mais longos. Mesmo que eu entenda que é importante chegar desde o início”.

O que mudou no Roger
“Me tornei mais velho, muitos cabelos brancos a mais, de óculos. Com muitas experiências acumuladas. As experiências e ideias continuam em transformação porque o futebol muda rápido com relação ao que está sendo feito. Mas o futebol na sua essência é o mesmo. Competitivo e que represente o torcedor dentro de campo. Essa sinergia é que é a fórmula para o sucesso de uma equipe bem organizada. Sete anos depois da minha chegada eu retorno ao clube. Em vivências, experiências, mais maduro e melhor preparado para enfrentar esse momento do clube.”

Fardo da Série B
“No futebol brasileiro de modo geral, os insucessos são cumulativos e retroativos. É inevitável carregar o insucesso de uma temporada anterior para a que está começando. Os jogadores sofrem, a direção e o treinador herdam essa necessidade de todo jogo provar depois de um ano de insucesso. A torcida não é apenas comparada ao seu amor ao clube pelo número de torcedores espalhados, mas também pelo seu envolvimento com o clube. No momento que mais precisou do torcedor, ele sempre esteve presente. Retornar ao clube pelo trabalho bem realizado em 2016 gera expectativa. Mas se não corresponder vai haver cobrança. Mas o torcedor é inteligente e entende o momento do clube. Vai cobrar, mas vai estender a mão. Eu organizando o time daqui e o torcedor empurrando o time. Essa energia é retroalimentada”.

Expectativa da torcida
“Trabalhar com expectativa a favor é positivo. Tenho que atender a essa expectativa que é impactada pelo que aconteceu em 2015 e 2016. Espero ter uma arrancada como aquele momento. Vamos trabalhar para isso. Mas tem que ter consciência e buscar o melhor jeito e casamento das posições dos jogadores. Fazemos um trabalho a muitas mãos. A partir de agora começo a delinear algumas coisas junto com preferências que tenho e jogadores à disposição. Não posso ter receio da expectativa positiva, relacionada ao desempenho do grupo, na mesma proporção da minha chegada anterior. Tenho que me sentir encorajado que essa expectativa é positiva e não negativa. Tenho certeza que isso vai impulsionar os atletas nesse primeiro momento do trabalho”.

Resgatar relação com a torcida
“Todo ciclo vitorioso vai alternar por esses momentos. O melhor cenário é conseguir iniciar um novo ciclo sem o rebaixamento, que machuca o torcedor. Mas é preciso uma construção, envolvimento. Preciso encerrar um ciclo para ter outro vitorioso. O torcedor na sua paixão também se decepciona. Mas como frisei, vivi isso em 2015, 2016 e, como jogador, que quando precisamos do torcedor ele esteve do nosso lado. Minha preocupação nesse momento não se resume a questões de organização tática no time, mas também desse resgate ao torcedor. Que o torcedor esteja sempre do nosso lado. Tenho certeza, a convicção de que, como atleta e como treinador, eu sempre busquei o melhor pelo clube, acertando ou errando. Mais uma vez estou aqui buscando fazer o melhor. O torcedor vai estar perto da gente. Ele é o objetivo de todo clube grande, não se mede apenas pelo tamanho da sua torcida, se mede pelo envolvimento dela perto do clube. E esse é o momento que a gente precisa do torcedor. Magoado, decepcionado, mas muito motivado a estar com a gente nessa caminhada”.

Fazer mais com menos
“O futebol brasileiro dificilmente consegue estabelecer e montar grupo partindo do zero e de acordo com todas ideias cristalizadas das características que você deseja. O clube sempre foi formador, revelando jogadores e buscando grandes jogadores no mercado. Não foi diferente. Apostou na base, contratou jogadores. Jogadores jovens emprestando sua vitalidade para jogadores mais experientes, muitas vezes sendo suporte para os mais jovens a se desenvolver. Vivi numa geração que a importância dos mais velhos, que conseguiam competir. Essa combinação para mim é perfeita. Sempre gostei de revelar jogadores, contribuir na sua carreira, ser mais profissional, conteúdo técnico e tático para desenvolver e devolver em trabalho. Para mim não é novidade. É o que eu mais gosto de fazer. Dar trabalho ao jogador, que vai retornar dentro de campo, que vai ser ídolo no clube. Eu sempre estive preparado para isso, desde que comecei a jogar futebol com 16 anos”.

Ideias e modelo de jogo
Atualizar-se não significa esquecer o que foi feito lá atrás. As formas de formar times vão se alternado. Vimos times voltar a jogar com três zagueiros. Vai muito dos jogadores que tu tem. Está mais associado ao material humano que você tem. Implementar uma forma diferente no Grêmio vai muito a partir do que eu tinha naquele momento. Aí o clube vai em busca de jogadores que atendem aquele momento criado. Isso pode ser alterado. Trabalhamos em função disso, mas existem várias formas de jogar. Fora do Grêmio já fiz time diferentes. Times mais reativos. O objetivo é ter um time competitivo, que o torcedor se sinta representado dentro de campo. Vamos ver gerações jogando de formas diferentes. O que marca são as conquistas. A busca pela organização tática vai ser constante. Não há conflito de ideias, só modelos diferentes e formas diferentes, nem pior e nem melhor. Maneiras diferentes de ganhar o jogo”.

Vestiário
“Eu tenho certeza que tenho um vestiário saudável e sadio. Os problemas do futebol começam e acabam no campo. Pela trajetória dentro do futebol, tendo estado no vestiário. Não são os maiores problemas que temos que resolver. Falei com o Vagner ontem e o que eu ouvi é muito satisfatório. Que é um clube dedicado, características diferentes geram características diferentes de gestão. Mas não me preocupo com isso. Os problemas no futebol começam e acabam no campo, às vezes o que não enxergamos pesa mais. Gerir faz parte do futebol e a minha parte é do campo para o vestiário, do estafe, é uma característica minha, de andar por todos setores. Saber cobrar no momento certo, proteger o grupo, saber o momento certo de dar uma crítica mais contundente. O jogador sabe que a cobrança é diária. O coletivo antes de qualquer coisa. O jogo é coletivo, isso sempre prezo.”